quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Dezembro o mês da revolução

Ora cá estamos nós outra vez quase em Dezembro. Um fantástico mês que antecede sempre um renovar de esperanças e de novas intenções e deliberações sobre a vida. Quem nunca disse "Para o ano vou..." que atire a primeira pedra. Dezembro é o mês das reflexões mas também das decisões. Em Dezembro planeamos como queremos ser e fazemos por isso. Em Dezembro não desistimos, esse pensamento de desistir não existe em Dezembro.

Tudo isto acontece maioritariamente em Dezembro e não em qualquer outro mês. Por isso este meu encanto pelo mês de Dezembro. No fundo é o verdadeiro mês da revolução. Tenho cá por mim que o 25 de Abril só não foi em Dezembro por calhar no Natal e não dar jeito nenhum. A prova que Dezembro é o verdadeiro mês da revolução é exactamente esse: o nascimento de Jesus Cristo. Houve algum homem mais revolucionário que ele? Um tipo que diz para dar a outra face e que abençoados são os pobres e os que sofrem.

Assim de repente parece-me que não. Se pensarmos mesmo mais a fundo, chegamos a uma lista de revolucionários nascidos em Dezembro. Todas elas pessoas que à sua maneira revolucionaram os modos e as sociedades. De Jim Morrison a António Variações, de Nero a Beethoven, de Lemmy Kilmister a Tony Carreira ou de Stevan Spliberg a Jorge Nuno Pinto da Costa todos eles revolucionaram nas suas áreas de actuação. Sendo que todos eles o que têm em comum é o facto de terem nascido em Dezembro.


Por estas razões, mas também pelos orçamentos que são uma renovada fonte de esperança e pelos aumentos que são uma renovada fonte de dor, que tenho para mim que Dezembro é o verdadeiro mês da revolução. O que verdadeiramente significam a estrela de Natal e a estrela na boina do Che Guevara? Eu como acredito mais no Pai Natal do que em coincidências, acredito que as estrelas são verdadeiro sinal da revolução. Seja há 2013 anos seja agora.      

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sol de Inverno

Abriu a janela num dia como outro qualquer. Abriu a janela e inspirou. "As coisas são assim, voltam a acontecer", pensava. Sentia se feliz. Gostava do Inverno, do frio, não tanto da chuva mas do frio. Fumar um cigarro no Inverno era bom. Muito melhor que em qualquer outra altura do ano. Sentia o calor da vida a entrar pelo peito dentro em cada inspiração de fumo que dava. Evidentemente que grande parte do mundo o criticava por essa acção. 

A primeira acção de cada dia de Inverno. Abrir a janela e inspirar o fumo de um cigarro. "Como é que algo tão bom pode fazer mal?" eram alguns dos pensamentos que lhe ocorriam quando o mundo o pressionava. Estava habituado à pressão. Era apenas mais uma ovelha no rebanho, sem grande diferença de qualquer outra ovelha ou de qualquer outro rebanho. Nunca tinha ambicionado ser muito mais do que isso e não compreendia quando alguma ovelha queria ser o cão de guarda ou mesmo (ambição suprema) o próprio pastor. Fumar era o que mais gostava. Especialmente com frio. Isso sim era uma verdadeira ambição. Fumar em todos os dias frios desta vida. Às vezes pensava que o paraíso não podia ser quente. Não fazia sentido um local chamar se paraíso sem possuir aquele prazer. 

Como sempre, certo dia aconteceu o que tinha de acontecer. Alguém supostamente mais conhecedor que ele deu lhe a escolha final. Para ficar por aqui mais uns tempos era imperioso parar. Se a pressão do mundo já era grande, a partir daí foi avassaladora. "Tens de", "Tens de", "Tens de" era o que ouvia em todo o lado. Como o coro mais afinado de Viena, assim os seus ouvidos escutavam à sua volta. Aquilo mexe, claro que mexe, esforçou-se, entrou em luta contra si próprio, convenceu-se que venceria essa luta. Como se fosse possível alguém ganhar a si próprio.