quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Delírios sobre a eternidade


A eternidade será um estado da existência humana atingível por todos mas atingido por muito poucos.

A eternidade pertence aqueles que entendem as diferenças, vivem-nas e respeitam-nas tornando-as desta forma indiferentes.

A eternidade será a vivência dos indiferentes. Uma vivência em Paz, Salam ou Shalom pois não têm nada que os divida.



Uma convivência de amor, com amor, entre seres que se amam e respeitam. Com este estado restará ensinar e educar os que vêm.

Deve ser esta a definição de paraíso seja em que religião for.

Já dizia um dos eternos "Amai-vos uns aos outros..."

domingo, 22 de novembro de 2009

Novas experiências


Nem sempre principio tem de ser igual a inicio. Há dias em que principio é igual a novidade, em que a diferença acontece e se agradece. Quando algo novo surge, estranhamos a possibilidade de termos existido nesta ignorância. Questionamos a razão de nos rotinarmos e de nos fecharmos ao desigual.

Quando percebemos que estamos sempre à beira do fim mas que enquanto estamos na beira temos continuamente novas oportunidades, aproveitamos melhor aquilo que nos dão e agradecemos aos que existiram e aos que existem a possibilidade da partilha.

A experiência é sempre nova. Cada olhar é diferente cada respiração trás me novos motivos de inspiração. Cada verdade é única e cada beijo é eterno. Não me quero fechar naquilo que sei ou que conheço. Quero me descobrir, quero descobrir te, quero que me descubram.

Não sei se aqui e agora é um momento tão apropriado com foi o ali atrás mas só tenho este aqui e este agora. Consegues criar outro? Será que desejas criar outro? Ou este aqui e este agora são os que desejas ter?

As novas experiências acontecem... Só temos de esperar por elas.

Real imaginação ou Só

Passeava pelos cantos da minimal existência que carrego em cima dos ombros, quando alguém que consegue comunicar comigo me dizia "porque?". Ficou cá dentro a picar essa expressão ou pelo menos picava nos intervalos das picadas sem importância nenhuma com que me vão picando a existência.
"Porque" é que não escreves sobre a realidade? e "Porque" é que escreves sem significado nenhum?
A realidade? mas como?
A realidade é triste, redonda, injusta, infeliz, estúpida, egoísta e acima de tudo insensível. A realidade não existe. Como poderia escrever sobre essa realidade? Num mundo em que há mais do que suficiente para todos e muitos temos muito mais do que alguma vez precisaremos enquanto muitos mais outros nunca terão sequer hipóteses de ser. Que vergonha! Tenho vergonha de estar nesta realidade.
Num país em que os temas são ferros velhos, casamentos gays, escutas e outros temas mais ou menos alucinogénios. Queres que escreva sobre isto? não quero, não posso, não consigo.
Numa existência em que se premeiam os falsos, em que se promove a mentira, em que se esquece o amor, em que se torturam as pessoas, em que se mata a imaginação, queres que escreva sobre isto?
Não!
Prefiro escrever sobre amor, paixão, partilha, momentos de felicidade, ser único, ser especial. Sobre estrelas e flores, sobre sol e lua, sobre respiração ofegante, sobre o dizer "pára" para continuar, sobre o imaginar a aventura seguinte, sobre o estar juntos, sobre os sentidos, sobre o que sentes, sobre o que sinto, sobre "o amor e uma cabana", no fundo sobre tudo o que me enche a imaginação.
Para ti que gosto de desafiar, por ti que me fazes ir mais longe, não é sobre isto que devíamos procurar encontrar o caminho certo?
Para ti que gosto de desafiar, por ti que me fazes ir mais longe, não seria isto que procurávamos?


terça-feira, 10 de novembro de 2009

É por isto

É por isto que sou Metaleiro.

to no men I Kneel


Insónias delirantes de paixão


Procurava nas asas da noite a sensação, aquela sensação. O medo de se dar, o receio de a receber, a luta consigo contra si.

Procurava no brilho do dia o desejo, aquele desejo, o ir sem querer voltar, o sentir-se único a dois, a partilha da perfeição.

Procurava na força do músculo a vontade, aquela vontade, o respirar o ar do outro, o gemido único do prazer, a fonte interminável de querer.

Procurava no segundo seguinte os lábios, aqueles lábios, únicos pelo carinho, desejados pelo calor, possuídos sem pertença.

Procurava no olhar, a esperança, a eterna esperança, do momento, daquele momento, do único momento, em que por momentos seriam partilhados todos os momentos.

Procurava na dor, a realidade, aquela realidade, esquecida, passada, lembrada, presente, continua, imortal, irreal.


sábado, 7 de novembro de 2009

O herói da minha rua

Quando o sol nascia naquele monte, reflectia nas velhas pedras daquele moinho a luz que nos guiava. O sol nascia todos os dias mas o tempo que cada um via era diferente. Esse tempo dependia da forma como cada um enquanto individuo e cada um enquanto parte do bando conseguia libertar-se.

Á volta do moinho surgiram 4 ruas, 340 casas, umas quantas mais vidas e incontáveis sonhos. Como em todos os sonhos de todas as vidas, existia naquela rua um herói. Alguém com mais confiança, alguém com mais vontade, alguém com mais força, alguém com mais carisma, alguém...

Ele era perfeito.
Quando todos éramos corredores, ele era o Carlos Lopes.
Quando todos éramos jogadores, ele era o Maradona.
Quando todos éramos hoquistas, ele era o Xana.
Quando todos éramos saltadores, ele era o Bubka.
Quando todos éramos ciclistas, ele era o Agostinho.
Quando todos éramos cowboys, ele era o John Wayne.

Tudo à volta do moinho. Naquele espaço, no seu espaço ele era o rei e nós assim o queríamos. Era dele que todos queriam ser amigos. Era com ele que todos queriam estar. Era na escada dele que nos juntávamos todos e era dele a palavra final sobre todos os assuntos.

Também era ele que nos protegia. Protegia-nos dos outros, protegia-nos uns dos outros e principalmente ensinou-nos a proteger-nos uns com os outros. Ele era o nosso herói, o maior, o mais mau, o mais importante de todos.

Contudo quando os sonhos se desvanecem e a realidade se clarifica, o nosso herói conheceu uma heroína. Longe do monte, longe do moinho, longe de nós ela transformou-o.

Foi por ela que nos trocou. Foi por ela que desapareceu. Foi por ela que nos fez sofrer.
No fim, foi ela que o fez voltar.
Voltou de moletas, mas voltou.
Voltou a pedir, mas voltou.
Voltou a morrer, mas voltou.
Era só isso que queríamos, que voltasse.

Foi ela que o fez partir mas foi ela que nos partiu a todos. Foi por ela que acabou os seus dias dentro do velho moinho, despedaçado, amordaçado mas junto dos seus, junto de nós.

Ela levou-o mas ele deixou-me a sua força, a sua vontade, a sua capacidade de dizer que não. Foi nele que sempre arranjei forças para continuar. É ele que me fala nos momentos em que a palavra "desistir" vem à cabeça.

Afinal nós somos os cavaleiros do moinho.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aguenta coração

Aguenta coração...
Na terra do vale tudo julgamos os outros pelas atitudes que cometemos.
Na terra do vale tudo cada um espera que o outro se comporte como o fazemos.
Na terra do vale tudo esquecem-se os valores e os princípios.
Na terra do vale tudo não interessa a pessoa. Interessa o que ela representa e a oportunidade que cria.
Na terra do vale tudo a mentira é a verdade de cada dia.
Na terra do vale tudo há carros descapotáveis, roupas com marca, jóias preciosas e riquezas impensáveis.
Na terra do vale tudo cada um espera que lhe façam o mesmo que faz aos outros.
Compreendes porque cada cada vez tenho mais saudades da terra que não vale nada.
Na terra que não vale nada aceitamos os outros pelo que são e pelas suas diferenças.
Na terra que não vale nada esperamos que cada um se comporte como se sente melhor.
Na terra que não vale nada ganham-se os valores e os princípios em cada dia.
Na terra que não vale nada cada um interessa porque cada um é tanto como qualquer outro.
Na terra que não vale nada espera-se que a verdade de cada dia se transforme noutra coisa qualquer.
Na terra que não vale nada a maior riqueza é o tempo. O tempo que existe entre as pessoas.
Na terra que não vale nada o que cada um de nós necessita é de mais tempo para tomar conta do outro.
Por isso só podíamos estar juntos na terra que não vale nada.
Desculpa mas enganei-te toda a vida. Enganei-te pois pensei que tinha nascido junto dos humildes e que tu me tinhas ajudado a quebrar essa espiral de miséria.
Desculpa mas enganei-te toda a vida. Enganei-te pois agora que encontro gente humilde não as consigo reconhecer. Gente que tem mais mas não tem o mais importante. Gente que vive no mundo da mentira, da falsidade e rodeadas de pessoas hipócritas e que esquecem o ontem porque pensam que amanhã serão diferentes.
Desculpa mas enganei-te toda a vida. Enganei-te pois queria fazer-te acreditar que no fim o amor venceria. Não, não vence. Quem vence sempre é a mentira e a falsidade. Provavelmente tudo isto é uma mentira até eu, até tu mas principalmente nós.
Aguenta coração...


domingo, 1 de novembro de 2009

Voz


Um dia ouvi-te dizer:

"Se os Motorhead forem morar para o teu prédio, a relva vai ficar amarela!"

No tempo em que se aprendia a ouvir música e a definir personalidades com um aparelho roufenho e um programa de Sábado à tarde, a tua voz ensinou-me o valor da escolha diferente e livre.

Obrigado António Sérgio!

Heavy Metal Will Never Die!