Procurava nas asas da noite a sensação, aquela sensação. O medo de se dar, o receio de a receber, a luta consigo contra si.
Procurava no brilho do dia o desejo, aquele desejo, o ir sem querer voltar, o sentir-se único a dois, a partilha da perfeição.
Procurava na força do músculo a vontade, aquela vontade, o respirar o ar do outro, o gemido único do prazer, a fonte interminável de querer.
Procurava no segundo seguinte os lábios, aqueles lábios, únicos pelo carinho, desejados pelo calor, possuídos sem pertença.
Procurava no olhar, a esperança, a eterna esperança, do momento, daquele momento, do único momento, em que por momentos seriam partilhados todos os momentos.
Procurava na dor, a realidade, aquela realidade, esquecida, passada, lembrada, presente, continua, imortal, irreal.