Caros leitores assíduos
Bem sei que ando com alguma falta de presença no mundo do éter, mas ando muito ocupado a pensar no futuro e isso retira-me lucidez no presente.
No presente, dei-me com a consciência do meio. Os vários meios: do caminho, da forma. Nestas ideias cruzadas, pensei na lealdade. Naqueles que são leais e generalizei para o conceito de lealdade. Chegados aqui, cá vai o conceito de lealdade deste aprendiz de escritor.
A lealdade será a característica de aceitar as atitudes, quer as suas quer as dos outros, sem juízos, sem preconceitos e principalmente sem a vontade de as mudar. No fundo, o amigo leal é aquele que nos dá o cigarro e não aquele que nos diz para não fumar. Não digo que o segundo é mais ou menos importante que o primeiro, mas o segundo não pode ser chamado de leal. Pode se dizer preocupado, querido, ajudante mas nunca leal.
Todos nós gostávamos (os mais sortudos têm) de ter alguém com quem podemos partilhar as nossas ideias, ideais, sentimentos, vontades sem que sejamos recriminados pelo outro. Isto para mim é a lealdade.
Juntando aqui o meio do caminho e chegamos a conclusão deste mero aprendiz de escritor. A conclusão de que as relações directas familiares raramente são leais. Os pais não contam com os filhos pois reservam-se por vergonha, por procurar que o outro seja melhor. Os filhos escondem-se dos pais pois não querem (ou esperam) nada mais que a recriminação.
Provavelmente chegamos a conclusão de que a lealdade é algo em vias de extinção. Muito pouca gente está disponível para ser ou estar connosco de uma forma despreconceituada e totalmente leal. A recriminação, o aconselhamento mais ou menos pedido e mais ou menos livre de interesse, os jogos de interesse existentes levam a cada vez menos atitudes leais.
Daí procuremos pessoas verdadeiramente leais. Aqueles que apenas nos aceitam e partilham connosco os momentos sem recriminações. Apenas na procura da partilha...
Gosto de pensar que quando estou, não recrimino. Aliás se estiver convosco e sentirem que não estou a ser leal, batam-me se faz favor!
Mas isto sou eu a pensar. Claro que pensar com uma mente demente é muito mais difícil. Fica um vídeo sobre lealdade.
Se calhar o problema é sermos racionais!
Mana comenta...
2 comentários:
Lealdade é uma palavra muito bonita mas não é nada se não tiver significado. Muitas vezes ela é mais importante que o próprio amor, pois podemos ser leais até a quem não nutrimos tão nobre sentimento. Escolheste muito bem o vídeo que é fantástico. Também o tenho no meu blog. Nada é mais leal e amigo que os animais de estimação que nos aceitam como somos sem críticas. Com algumas pessoas isso também acontece mas em menor numero. Eu gosto de pessoas leais. Amor é relativo, ninguém ama ninguém 365 dias por ano, mas lealdade tem que ser constante!
Caro aprendiz de escritor, a mana, embora leitora leal, está quase sem comentários… onde escreves lealdade leio liberdade e identidade, sendo que qualquer um dos três se vive e constrói num jogo de espelhos com aqueles que nos rodeiam e, sobretudo, com aqueles que nos são mais próximos – família, amigos. Aqueles que nos dão cigarros, que fumam connosco, os que aguardam lealmente o nosso carinho são essenciais para lembrar-mos quem somos… mas os que nos dizem para não fumar, os que fogem das nossas gaiolas desafiam-nos a pensarmo-nos diferentes. Uns e outros são essenciais, sendo leal aquele que aceita a volubilidade da natureza humana em si e nos outros e não exige constância onde só pode haver devir nem indiferença onde só existe carinho, entre a razão e o coração somos normalmente juízes severos dos outros e júris complacentes de nós próprios. Usarmos o mesmo fiel para nós e para os outros é o primeiro passo para a lealdade, percebermos que os nossos pais, como os nossos filhos, foram, são ou serão pessoas à procura do seu caminho, que se reflectem em nós e nos quais nos nós reflectimos… nas buscas, nas dúvidas, medos, orgulhos, sucessos e no facto de sermos todos um bocado parvos!
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